Saulo Péricles Brocos Pires FerreiraEngenheiro mecânico, advogado e membro efetivo fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras (Acal).
O DIREITISMO E O NEOCOLONIALISMO.
Por: Saulo Pericles Brocos Pires Ferreira.
Meus caros leitores, se é que ainda existem. Hoje eu vou tratar de um tema que eu não
gostaria de tratar, mas é como uma obrigação. Nosso país, que é um gigante entre as
outras nações, por motivos óbvios, Território continental, mesmo idioma e cultura, que
apesar de diversa, é no geral tem uma ideia de nacionalidade bastante consolidada
dentro de nossas fronteiras, pois um gaúcho em Roraima se sente tão brasileiro quanto o
inverso, o mesmo acontecendo em todo o restante do país. Nós vivemos mais de costas
do que em integração com nossos vizinhos colonizados pelos espanhóis, o Brasil
sempre foi o nosso país, mas durante toda a nossa colonização que foi escravocrata e
excludente para os nativos e os pobres, e mesmo depois da independência e do advento
da República, nós sempre fomos comparados de forma como inferiores, frente aos
países que antes nos colonizaram. E no nosso país se consolidou uma auto denominada
aristocracia, que na realidade era apenas os agentes desses, que sempre dominaram o
povo e deixava ele da melhor forma possível, se auto avaliando como seres inferiores e
que mereciam serem colônias, apesar de ainda termos as nossas potencialidades tão
grandes e até por vezes superiores às deles. Na agricultura, como não temos a neve, em
determinadas regiões, pode colher duas vezes: a safra e a safrinha, coisa impossível para
nossos “seres superiores”. Os exemplos são muitos. Com desenvolvimento de nossas
próprias técnicas, podemos ser um gigante na agricultura, e em muitos outros campos.
Mas isso não é o motivo que me leva a escrever essas linhas.
Com o advento da mecanização do campo e outros fatores, houve o “êxodo rural”, e os
filhos desses libertados da enxada, vieram a ter uma educação básica e como
consequência, maiores reivindicações vieram a ser cobradas. Com a redemocratização e
depois do governo Fernando Henrique e Lula, e com os programas sociais criados por
Fernando Henrique e turbinados durante os dois governos de Lula, viemos a ter um pais
fora do mapa da fome e chegamos a ser a sétima economia do mundo. Em 2008, houve
uma enorme crise bancária internacional, mas as suas consequências quase não foram
sentidas no nosso país. Então o Brasil começou a preocupar os grandes países
hegemônicos especialmente os Estados Unidos.
Tendo eleito sua sucessora, e essa não tendo a habilidade do seu antecessor, se tramou
um golpe político, que terminou com seu impeachment. Com Temer no poder, se
praticou o inimaginável: teto de gastos para a Educação e para a Saúde. Logo os dois
setores mais básicos para o desenvolvimento de um país, pois esses setores sempre
precisaram de mais verbas para financiar pesquisas na educação (a China forma por ano
mais de 400.000 engenheiros, enquanto o Brasil forma 20.000, muito menos do que a
demanda desse tipo tão importante de profissional) e menos médicos também, para se
ter os cidadãos mais cuidados na área da saúde. Depois, houve o caso da prisão de Lula,
que estava na liderança da corrida eleitoral. E eleito, fez um péssimo teve que enfrentar
uma enorme pandemia, era um negativista convicto, prescreveu um produto para
malária, fez piadas de extremo mau gosto com as famílias enlutadas, retardou por mais
de seis meses um dos mais respeitáveis laboratórios do mundo, a Pfizer, desdenhou uma
vacina chinesa afirmando que seria “comunista”, e morreram 700.000 pessoas. Solto
Lula, e fazendo uma enorme coalizão, conseguiu vencer as eleições.
Ele contestou o resultado e depois de tentar de várias formas se manter no poder,
articulou um golpe de estado, em que quase tem êxito. Mas como não teve o apoio de
grande parte das forças armadas e o eleito tomou posse, ainda tentou fazer seus
correligionários depredarem todos os prédios da praça dos três poderes, uma vergonha
nacional. O Poder Judiciário, tendo as copiosas provas que dispunha, os denunciou, e
essas foram aceitas pelos membros do STF. Agora os que tentaram o golpe são réus,´.
Bolsonaro pode até ser preso, mas o bolsonarismo está cada vez mais forte. A extrema-
direita conseguiu utilizando métodos de divulgação de suas ideias tão eficiente, que
conseguiu transformar pessoas antes apolíticas ou sensatas em fanáticos que não
acreditam em nada que não seja oriundo de seus divulgadores, por mais inverídico que
só espero que ele não mande eles tomarem veneno, como fez Jim Jones, e somente
acredita em informações de fontes de direita, é pior que uma seita evangélica, e essa
ideia se reproduz de uma forma impressionante: filmagens do evento de domingo não
ter levado a Copacabana mais de 20.000 pessoas, ela garante, me mostrando fotos
antigas como se fossem atuais, que essas eram as verdadeiras. Tenho uma tia que só
acredita em uma história se ela vier de uma fonte da extrema direita.
O “Oito de Janeiro” acabou? Definitivamente não. Temos o exemplo do Chaveiro de
Santa Catarina que tentou colocar bombas no STF, e não conseguindo, se explodiu. E
como esse, existem muitos outros lobos solitários ou organizações neonazistas se
articulando pelo Brasil afora.
E tenho vários amigos, que em tese, deveriam ser mais esclarecidos, embarcam nessa
onda de negativismo. Médicos, engenheiros, e outros profissionais que ficam de certa
fora “drogados” por essas teorias.
Mas por trás desses, existem os verdadeiros manipuladores, esses são os mais perigosos,
e são muito difíceis de serem detectados. Bolsonaro foi um fantoche, mas existem
outros para ocuparem seu lugar.
Para fazer de nosso país continente, uma imensa República de bananas. Não merecemos
tal futuro de sermos uma nova colônia seja lá de quem for. Temos que assumir nosso
papel de nova potência econômica, apesar desses muitos que já foram doutrinados a
pensar que somos apenas um pais destinado à pobreza e ao atraso. Mas é como um
filósofo discutir com uma pedra; vão me acusar de ser a pedra, tenho que me precaver
para não ser convencido disso....
Cajazeiras, 23 de março de 2025.
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